.:Matheus com H│Blog: Ventos Ocidentais

14 junho 2016

Ventos Ocidentais


Parece que o frio decidiu avançar e os ventos decidiram prosperar. Ontem aprendi o que era muzak, achei bastante conveniente, pois ontem mesmo pude assistir a uma orquestra de ninfas bem de perto. Pude saber algumas coisas que eu diria que compõem verdadeiramente doces sonhos. Um retrato imaginário do toque de duas almas e um sentimento de eterna união de dois corpos. Acho que pra mim, as coisas são muito intensas, uma simples brisa ressoa meus batimentos cardíacos e eu me deixo levar, como se fosse um pequeno grão de leão. Repetitivo ou não, não me canso de dizer o quanto isso me faz sentir infinito. O tempo que se estende por dimensões. Ali eu estava e ali eu queria estar eternamente, não diria que até o fim dos tempos. Profano ou não, já desacredito nessa teoria de arrebatamento. Definitivamente, algo tão belo não pode queimar, tal como costumam dizer. O fato é que estou cada vez mais perdido, estou cada vez mais enlouquecido. Parece paradoxal falar de insustentável leveza, mas é o que é, e estou experimentando disso agora. Meu coração parece uma pena prestes a se soltar e voar incontrolavelmente para algum lugar. 
É como se eu estivesse em uma bolha de sabão que está subindo, bem alto, quero que essa bolha seja de diamante, suba e não se estoure. Eu estava pensando em como tento me equilibrar nos paralelepípedos dos caminhos que passo, como se fosse uma criança louca, hiperativa. Continuo me equilibrando, ou desequilibrando, mas a normal é quase nula dessa vez. Mal sinto meus pés pressionando o concreto.
Há algumas prazeres na vida que são inexplicáveis, como o de olhar uma rocha com uma lupa, bem de perto, e observar os mínimos detalhes, se impressionar com cada milímetro e conseguir distinguir os minerais que a compõem. No final, o clímax, um suspiro e um arrepio profundo, como eu gosto disso. Pois é, as rochas possuem cores, texturas e até sabores e cada uma é um momento diferente, uma sensação diferente, um pensamento diferente. Gostar assim, é engraçado. Em um certo momento, é como se eu estivesse buscando algo que jamais encontraria, mas já havia encontrado. A clivagem de um cristal, um cheiro.
Cada vez que fecho meus olhos, em minha cabeça vêm os versos mais lindos que percorrem feições encantadoras da forma mais impressionante. Minha boca só consegue proferir suspiros que se interpretados, serão lembrados como a lira das liras.
No fim, decidi que valia a pena. Talvez se eu não ousasse enfrentar essa corda bamba, ficaria pra sempre no outro lado do precipício. A não ser que haja um vendaval, não há por que eu me desequilibrar. Tal leveza me assusta um pouco e o paradoxo da insustentabilidade se encontra aí. É um sentimento tão suave, mas ao mesmo tempo violento, que chegou gritando olá, e eu respondi olá. E isso significou que eu não mais me pertencia, que eu não era mais meu. 

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