.:Matheus com H│Blog: 2016

01 dezembro 2016

Eu não sou especial


Você não é especial, aí de repente descobre isso, algo que sempre achou que fosse. Isso tudo por umas míseras gotas de empolgação em algum instante. Pra que serve isso? Sejamos francos, me diz o motivo de estarmos aqui, me diz, já que você não tem interesse de me escutar mesmo. Isso mesmo! Parabéns! Adoro isso de você mudar e não falar nada comigo, amo só descobrir na hora. Mas não vou ser anti ético, não é mesmo? Mas que fique bem claro que as palavras são minhas.
Se eu vou poder? Não, obrigado, talvez até lá eu mude de ideia, mas nesse momento sou assim mesmo. Não vou me achar hipócrita depois, estou tranquilo. era só um desabafo meu. Fiquei até meio eufórico uma hora, vamos ver no que dá.
Ao menos uma coisa me deixa um pouco feliz, não vou precisar de ver essa cara feia disfarçada de bonita. Nem precisa de me agradecer pela participação, não faço questão de dizer obrigado, de nada.
Tchau :)

24 novembro 2016

Tomate seco


Quem se importa se sou original ou não? Eu não. Engraçado é que parece que começo a gostar das coisas que te envolvem, simplesmente assim. Só vou gostando, até seu jeito começo a imitar, até tomate seco começo a comer, meus neurônios, os mesmos desse cérebro que você disse que eu amava, quando na verdade eu disse que te amo, são atraídos facilmente pela simples lembrança de você.
Falando em tomate seco, que é, na maioria das vezes, vermelho, lembro de um belo cristal que só descobri graças a minha vontade de estar com você e minha insistência em ficar por aí seguindo você. Vou me lembrar de química, vou me lembrar de complexos, vou me lembrar de vanadatos, vou me lembrar de vanadinita. O museu representa-a como pouco abundante, como especial. Nós dois sabemos que o museu não é lá muito confiável, mas mesmo se for mentira, você é pouco abundante pra mim, uma amostra única, insubstituível. Nesses breves estudos, descobri que não importam as dimensões, só as relações angulares, enunciado de Steno, por isso, mesmo um cristal hexagonal com faces de tamanhos diferentes, meio assimétrico, não é capaz de reduzir o quanto fico maravilhado. Ultimamente ando com saudade dos minerais, meio deprê. Mas trocaria um berilo vermelho pra passar um dia com você. E no final, certamente, não sobraria nem uma carcaça, nem cabeça, nem espada, mas apenas minha vontade de trocar tudo por você, quantas vezes forem necessárias. 

24 outubro 2016

Um pequeno silêncio


Fico triste quando não te vejo durante aqueles dez minutos que eu poderia te ver. Minha cabeça sabe lidar perfeitamente com isso, mas meu coração se joga em prantos no chão.  Acho que a vida insiste em pregar algumas pequenas peças nos meus anseios. Fiquei idealizando aquela viagem em tão pouco tempo, e que viagem! Mas às vezes sou palco de palhaçadas. Eu estou um coringa com uma lágrima desenhada sob meu olho direito e com a maquiagem de um sorriso inverso. Um sobre sorriso, cadê o meu sorriso? Não deu tempo nem de sentir saudades e já estou sentindo. Ironias...

09 setembro 2016

De repente

Quando a própria existência começa a pesar mais que o aquilo que as pernas conseguem carregar fica bastante complicado de andar. É difícil poder controlar algumas loucuras que se tem impulso de fazer, a sensibilidade fica tão alta, que qualquer coisa toma proporções semelhantes a um diamente riscando talco. Talvez doa.
E se de repente eu virasse só pó ou um pedaço de nada? A sensação de ver aquela pessoa que tanto amo pela última vez fica dando as caras às vezes. Fico pensando no medo que tenho de me tornar um nada eternamente sozinho. A realidade é ruim. Mas eu realmente queria te ver mais essa vez, sendo ela a última ou não, mesmo que isso significasse uma despedida não tão adequada à minha vontade e que depois eu ficasse mal de não ter olhado para o seu rosto o tanto que quisesse olhar, eu fiquei.
Alguns momentos fico com bastante medo de certas decisões que eu talvez possa tomar, mas o fato é que algumas vez acho que meu balão está denso de mais, não consegue subir. Meu medo é de acabar preferindo estourá-lo. Mas aí fico pensando em como um certo hálito é capaz de mantê-lo no alto.
Agora parece que minha mãos são apenas imagens, pois é como se eu tentasse segurar minhas lágrimas com elas, mas não adianta, elas passam direito atravessando tudo.
Pular é muito fácil, mas acontece que a gente nunca tem certeza. Uma possibilidade que ronda minha cabeça é de eu me tornar sublime antes de tocar o chão.

04 setembro 2016

Poucos milímetros


Fico pensando em com que fita métrica eu meço o que eu sinto por você. Em centímetros, eu demoraria muito pra chegar no algarismo duvidoso. Talvez nunca chegasse.
Só umas gotas poucas caindo e crepitando no telhado como uma fria brasa de água. Elas me fazem lembrar suas mãos gélidas que percorrem meu corpo e esquetam sem queimar e ardem sem doer. Isso deixaria qualquer termômetro bufar de raiva. É uma indecisão tão pouco vulgar, cheia de curvas, um labirinto. Só eu tenho o poder de percorrê-lo, e você. Eu domino o mapa e o compartilho com você. Mesmo se eu não soubesse o caminho, eu entraria complemente nu, completamente cego, completamente surdo pra encontrar você.
Se eu pensar mais sobre isso, vou ficando pouco a pouco sem chão, pois começo a só observar as palavras saindo dos meus dedos. O único som em que presto a atenção é o canto dos pipirrans, pois é o que para sempre me fará lembrar de você, para sempre, até que eu morra guardarei isso comigo. A ideia do eterno retorno, de fato, pode parecer assustadora, mas o êxtase de um segundo se repetindo eternamente com você é inimaginável. É como se o calor, rompido dos seus pulmões, incidindo sobre os meus ouvidos, fosse o toque de algodão em minh'alma.
Fico feliz de poder lembrar do seu sorriso de coríndon antes de fechar meus olhos.
A chuva chegou
De verdade agora
Me dê sua mão
E não sobrecarregue seus cotovelos quando estiver deitado sobre mim. O peso do seu corpo é, no mundo, o que mais se opõe ao caráter posito da leveza.

22 agosto 2016

Trêmulo


Eu realmente não sei o que há comigo. Isso não é nem um pouco necessário. Tenho certeza que vai passar e estou tentando jurar que hoje foi a última vez. Eu achei que aquilo ia passar, mas não passou. Provavelmente sou mesmo um idiota, um arrogante, orgulhoso ou imbecil. Será que está auto condenação é um açoite a mim mesmo? Quando foi que encomendei isso? Boa pergunta. Estou deixando no ar essas poucas palavras pra ver se alivia. Agora estou tão perdido que nem me lembro mais onde está meu anel. 

20 agosto 2016

Corda


É um pouco difícil às vezes, eu sei. É mais ou menos pela tardinha que começa. Vou ficando um pouco entediado, dali a pouco, meio angustiado. Começo a sentir meu coração um pouco estranho, como se ele não estivesse muito confortável ali. Talvez não esteja mesmo. Fico com o rosto meio incomodado, como se alguém estivesse com o dedo indicador bem no meio da minha testa. Meus olhos ficam carregados também, chorosos, como se quisessem extravasar mas não conseguissem. 
Que se foda, nem querer escrever mais eu quero. 
Fui dar uma volta pra ver ser isso passava, não funcionou muito, tanto que estou aqui agora, acabei de apagar as luzes e coloquei uma música bem no clima. Tenho que parar com isso. Umas horas que deveriam ser produtivas só servem pra fomentar meus momentos emo 2016. Isso não é nada bom, seria se fosse uma opção minha, algo voluntário, mas não. Seria bom se eu pudesse controlar. Voltou. Voltou aquela vontade de me submergir de novo. Esconder. Entrar dentro do meu guarda roupas e ficar lá, sem ninguém me achar. 
Narcóticos ou qualquer coisa assim talvez seriam uma boa fuga. Não. Não é. Não quero sair por aí sem controle como achando que tenho asas pra pular de prédios. Agora só quero ser pescado. Sair dessa lago frio e molhado. Alguém? 

18 agosto 2016

Abraça-me

Amar dói. Dói quando o ônibus começa a me levar metro a metro, quilômetro a quilômetro pra mais longe de você. Dói quando o relógio começa a girar sem parar e vai me apertando pouco a pouco no tempo. E quando o tempo começa a me apertar assim eu quero é ser apertado por você, mesmo que minhas costelas doam. Minha vontade é de olhar tudo de você com minha lupa, quero conhecer todos os seus detalhes, saber onde está tudo que você quer pra que eu possi ir lá e buscar, mesmo que seja no escuro do mundo. E agora estou desesperadamente olhando sua foto. Você acertou. Esses momentos são desconcertantes. Quantas vezes saí correndo só pra poder te ver? Você sabe exatamente como me fazer sorrir e quero muito poder fazer o mesmo com você. Às vezes odeio o mundo por que ele é quem faz com que nos percamos na multidão, o mesmo mundo que você deseja salvar, peço desculpas por isso, mas não me vejo salvando mais nada além de você, talvez nem a mim mesmo.

14 agosto 2016

Faces


Estou um pouco anédrico agora. Meio cabisbaixo. Falta pouco pra chorar. Meu coração bate num ritmo meio estranho. Parece um pouco que está meio pesado, meio carregado o seu ritmo. Não consigo mentalizar mais nada além desse sentimento negativo. Ele é um sentimento meio sem razão, só está aqui. Uma vontade de cavar um buraco e ficar lá um pouco. Algumas horas ou até dias. Pra onde posso fugir? Estou fazendo uma coisa aqui, uma escrita técnica, digamos. Eu gosto. Mas fico escutando umas músicas e acho que as batidas não colaboram muito. Me ajuda. Dizem que escrever ajuda a passar, mas às vezes acho que só piora. Estou ficando meio fraturado. Estou tentando gritar mas não sai som algum. Não consigo formar nenhuma superfície plana ou paralela que reflita luz. Estou bastante negativo, nem raio ordinário e nem extraordinário. Está tudo ficando dentro. Está tudo escurecendo. Está? Me ajuda. No exato instante dessa palavra, esta, estou tremendo e não sei o que fazer. Talvez se eu expulsar algumas lágrimas no banheiro melhore. Vou tentar. Talvez eu ao menos consiga ser subédrico.

Meus passos

Eu até tento as vezes, mas é um pouco difícil. Cada passo que dou nessas ruas movimentadas é um letra do seu nome que ecoa pela minha cabeça. O mundo é cheio e repleto de sons e ruídos, mas isso se torna tão desprezível perto de você. Eu só fico andando por ali e por aqui, fico tentando elaborar meneiras, modos e teorias pra poder encaixar nossas existências perfeitamente, como um quebra-cabeças de duas peças. Às vezes eu acho que estou ficando maluco, isso é só um reflexo da minha vontade louca de te abraçar, sentir de novo o meu calor se misturando ao seu. Quando lembro que talvez você queira me apertar em seus braços, eu fico prestes a martelar uma parede com minha cabeça. Esse é o resultado da não realização desse desejo agora.
Enquanto passo pela estrada, vou analisando cada canto e visualizando o melhor lugar para eu construir um castel para nós dois. Vou dar um jeito para que esse lugar seja blindado às influências do tempo e do espaço, assim não terei que escutar o barulho estressante daquele despertador. Trim! Trim! Trim! Esse é o sinal da hora de ir, da hora de ter que guardar nos nossos bolsos esse amor.
A minha cabeça, algumas vezes, se desliga para umas coisas e elas somem, mas me impressiona a forma de como quando se trata de você, ela não se comporta assim, no máximo, ela pode ficar em estado parcialmente vegetativo, mas nesse caso, depois de um tempo ocorre o mesmo que quando entramos de uma vez em um local escuro, demora um pouco até os olhos se acostumarem. Com você é assim, de primeira, talvez eu não preste muito atenção, mas vai clareando.
Acho que inconscientemente fui pegando uns pedaços de mim e ligando com uma linha em alguma memória relacionada a você, aí costumo lembrar de voce cada vez que uma dessas linhas se mexe. Fica impossível de não ter vontade imediata de sentir o cheiro da sua respiração. Eu me sinto o rapazinho mais sortudo do mundo de às vezes ter esse privilégio. Fiquei pensando se isso seria uma conspiração do.universo ao meu favor. Talvez seja.

05 agosto 2016

Segue


Eu estou tentando entender a razão de eu ficar pensando nos detalhes de você. Assusta-me um pouco você dizer que tudo enjoa um dia. Até hoje não me enjoei de açaí. Eu fico olhando a foto do seus pés e fico indescritivelmente encantado com a maneira que seu segundo dedo fica um pouco abaixado, como se estivesse com vergonha! (usei exclamação para expressar que estou achando isso engraçado), Talvez esse apreço por algumas coisas que para outros seria imperceptível revela a razão de eu me sentir tão entediado quando não se trata de você. Mesmo não te agradando, eu acho lindo quando sua boca caminha para um lado involuntariamente. Assim, eu poderia ficar ali o dia inteiro só olhando você sorrir e falar enquanto seus lábios fazem esses movimentos que não me são nem um pouco estranhos. 
Fico me perguntando com que fita métrica eu posso medir o que sinto por você. Em se tratando de milímetros, ou até centímetros, eu demoraria muito pra chegar no algarismo duvidoso. Talvez nunca chegaria. O que tem dimensão de centímetros ou milímetros? Dentes. Eu gosto de como seus dois dentes da frente tem suas extremidades centrais apontando para dentro de sua boca. Não sei o motivo, mas observar esse detalhe me faz lembrar das contas de marfim em formato de rosa da Ana Z, sei lá, acho que seus dentes são tão valiosos quanto as contas para ela. As contas que a fizeram entrar num poço fundo e escuro e a jogaram em uma aventura. Seria eu ousado o bastante pra me jogar em algo assim?
Aquele dia fiquei olhado você caminhar com um livro na mão até sumir de vista. 


02 agosto 2016

Sereno e alguns milhões de vezes


Agora é hora de descansar. Comecei a pensar nisso quando empurrei a porta da sala. Fui à cozinha e voltei. Acho que vou fazer tapioca. Nem era disso que eu iria falar... Era sobre uma certa vontade de ter meus pés formigando um milhão de vezes só pra que eu possa ver você descansar, sem nenhum fardo, isso faz com que eu sinta minha alma acariciada pelo meu cobertor divino. Eu poderia bagunçar e arrumar seus cabelos dois milhões de vezes só pra sentir sua respiração fluir da forma mais serena inventada por deus, me sinto como se afundasse num precipício de plumas só de poder olhar sua expressão de paz, isso é bom. A paz é boa e você me deixa em paz. Se eu pudesse realizar um desejo agora, eu pediria pra poder te olhar caminhar por um campo de flores de ametista e depois descansar na minha perna, como se ela fosse um travesseiro, enquanto eu acaricio seu rosto. 
O olfato sempre foi uma sentido bastante expressivo na minha vida. Sou inexplicavelmente apaixonado pelos aromas que você exala. Não fumar pode ser um pouco difícil, mas não sou nenhum louco, fico daquele jeito só alguns instantes, na verdade, nem estou mais com vontade. Mas não poder sentir seu cheiro quando sinto aquela saudade da sua presença é ruim, aí olho um retrato seu e o admiro por várias instantes. Seu sorriso, seus dentes, seu nariz, sua boca, seus cabelos, seu olhar, tudo o que me deixa inquieto. Sua assimetria é tão harmoniosa, tão aconchegante. Ela é bela. É como um cristal de quartzo que tenho aqui em casa. Embora os lados não sejam iguais, é um cristal lindo de se olhar, é de uma natureza perfeita, agora sempre que eu olhar pra ele, terei seu nome ressonando na minha cabeça, aí terei aquela vontade de sentir seu cheiro, de cheirar sua alma e guardar um pouco dela comigo, em meus pulmões. Vou ter vontade de olhar pra você, ver sua serenidade. Sentir que, enquanto você descansa de modo sereno, a paz vem até em mim, afaga minha alma. Vou desejar isso alguns milhões de vezes.

28 julho 2016

Doce?


Tinha macarons no meu sonho, dentro de um pote de vidro, três rosas, um verde e um marrom. Agora estou pensando em que medida isso se relaciona com o fato de eu dormir pensando em você e, ao acordar, seu nome ser o primeiro que eu me recordo. Acho que o recheio representa a surpresa, Algo indefinido que acontece enquanto durmo, mas as duas massas representam a certeza, a medida exata de você em mim. Ainda penso sobre "o doce que adoça minha boca é outro", talvez seja! Que situação hilária! Ainda me envergonho um pouco com as inconveniências de uma certa pessoa... Mas analogamente, o açúcar que adoça minha vida realmente é outro, espero que entenda que açúcar é esse.
Onde está você? O que você fazendo agora? Está feliz? Essas são questões que costumo querer saber sobre você, não é como se eu quisesse ser seu dono, mas sim que me importo com as coisas que são suas. Meu objetivo é fazer com você se sinta como se estivesse dormindo em nuvens de algodão doce. Quero te fazer feliz do seu jeito de felicidade. Eu poderia te dar todos os macarons do mundo, nem sei se você gosta. Eu poderia aprender a prepará-los, só se você quisesse, é uma tarefa muito árdua e requer dedicação. Quero me dedicar a você.
Quem sou eu? Matheus. Matheus com H e estou escrevendo isso pra você. Você deve saber. 

23 julho 2016

Perto


É engraçado conversar sobre abraço com a pessoa que mais se gosta de abraçar. Isso me faz viajar tanto, eu dou voltas e mais voltas pelos meus pensamentos, mas a conclusão que eles me levam é sempre a de que nunca vou me cansar disso. Me sinto tão bem com isso, tão descarregado e confortável. É como se nada mais existisse, mas só aquela sensação e aquele contato. Não sei o porquê disso, mas se eu fosse obrigado a dizer algo, diria que nossas almas estivessem unidas, num toque perfeito. Reflexões... Se eu fosse obrigado a comparar o que sinto com uma situação palpável, (ou quase) seria parecido com estar sobre um cilindro quilométrico e somente ali fosse seguro, o medo de me afastar é imenso, se eu cair dali, cairei para o vácuo, infinitamente. Imaginações... Tantas viagens mentais... E fico viajando em dormir nos seus braços enquanto você canta. Nesse momento, é o meu maior desejo o seu abraçar. Estar perto definitivamente não é físico, nunca foi e nunca será, mas esse contato está em um patamar tão elevado que se faz essencial, ao menos pra mim, I feel myself loved. 

21 julho 2016

Que as luzes não se apaguem sozinhas


Eu estava no banheiro e comecei a sentir centenas de aranhas subindo pelas minhas pernas. Aquilo foi bizarro. Me fez pensar em quantos medos definem um homem. Tenho medo de escutar a voz da minha mãe me chamando e quando eu for olhar, não haver ninguém. Tenho medo quando eu começar a caminhar, meu corpo virar infinitos grãos de areia. Tenho medo de dormir eternamente e cada vez que eu acordar, for um sonho dentro de outro. Tenho medo de estar no escuro e sentir um vulto passar perto de mim. Tenho de medo estar em um canto de um cômodo escuro e sozinho, nu. Tenho medo de acordar um dia e descobrir que era tudo mentira.Tenho medo de ver as pessoas que eu amo sentirem dor ou estarem sangrando. Acho que tenho medo da morte precoce. Tenho medo de falar com as pessoas e minha voz não sair. Tenho medo de não conseguir mais respirar. Tenho medo de quando os animais olham para o nada como se estive algo lá. Tenho medo de ficar paralisado e não conseguir me mover. Tenho medo de muitas coisas mais. Conclui que são todos os medos de um homem que o definem, hoje, o meu maior medo foi um específico.
Tenho medo de ver um certo maravilhoso sorriso se derreter, como se fosse uma vela acesa.

19 julho 2016

48.2203445,16.09988


Pra você dar nome, isso é uma música. Nem nunca escutei, mas sei que existe, provavelmente você já. No silêncio, nada precisa ser nomeado, acho que minha criança interior não se contenta muito com isso, mas ela está de castigo agora. Meu coração, minha razão, pai e mãe deram lição. No silêncio, nada é preciso ter nome, nada precisa ser definido, só precisa ser sentido. E após todo esse vexame no meu lar interior, fui dormir e sonhei que voava por aí, feito um carcará. A sensação? Uma indefinida... Tão boa, que não dá pra explicar. Dê-me um segundo pra pensar, acho que nem em cinco minutos eu sou capaz de elaborar alguma coisa, apenas falarei alguma coisa boba, como como eu gosto do seu cabelo molhado ou como eu gosto do cheiro das suas mãos. Eu quero dormir tendo sua imagem em minha cabeça e acordar com ela.
Eu me sinto como se estivesse em uma serra e um vento soprasse em mim constantemente, balançando o meu cabelo para incontáveis direções. Essa sensação se repete cada vez que olho para o seu rosto tão de perto. Eu poderia passar o dia inteiro só assim, perto de você e te olhando e sentindo meu calor se confundir com o seu. Viena talvez possa ter coordenadas específicas, de qualquer forma, minha latitude é a sua felicidade e minha longitude é você. Se for assim só pra mim, então imagino que as coordenadas são únicas a cada pessoa. 
Te dei o mais bonito de mim e não me importo se eu der o mais valioso, te dei uma hematita e não me importo de te dar um diamante. Te dei alguns bons momentos e quero te presentear com a felicidade. Não sei se isso está completamente ao meu alcance, mas nada que alguns degraus não resolvam.
Uma vez que eu abrir meus olhos, estarei voando com você. A segunda vez que eu abrir meus olhos, estarei ao seu lado. E assim vou ficando por aqui, esperando até a hora de você voltar, que já deve estar quase. 

14 julho 2016

Cores


De repente eu me deito em um sofá, olho para o teto e começo a ver um filme, as cenas que eu mais me lembro são as que aparecem explicitamente seu rosto. A compreensão humana tem capacidades incríveis, mas ainda é bastante limitada. A minha se limita na medida em que não compreendo o porque de tudo me fazer lembrar você, pelo menos por alguns instantes. Eu fico tentando fazer uma força para saber quais são as espécies vegetais, não que eu tenha um assíduo interesse sobre botânica, mas tentar saber me faz deixar tão perto de você, mas tão perto, que não consigo evitar, é como se sua mão estivesse no meu ombro, você bem ao meu lado. 
Fico me perguntando o que é futuro e porque estaríamos juntos nesse futuro, não cheguei a uma conclusão muito clara, mas sei que se o futuro são todos os presentes que estão por vir, quero ser eu a estar com vocês em todos os presentes, sobretudo, em paz. E eu fico tentando mentalizar outras coisas, tipo o azul do céu, o verde das folhas e o marrom da terra, mas nesse momento está impossível, pois a minha cognição não está das melhores, sua presença me parece muito forte e e eu quero desesperadamente te ver. 

11 julho 2016

Sinais


Sou eu um tolo romântico cuja tempestade de pensamentos que afrontava antes de dormir faz acordar às cinco da manhã? Ou seria eu um insensato romântico que cogita mil vezes, reflete duas mil vezes e repete três mil vezes  antes de tomar alguma atitude ou de acabar não tomando nenhuma. Mas não perguntarei se sou um desesperado, pois eu certamente sou. Minha razão vive se confrontando com minha emoção e ao mesmo tempo em que estou com os pés no chão eu me sinto como se fosse uma formiga soprada pra cima e, às vezes, parece que a sensação do descontrole é maior. 
Por algumas vezes me peguei vagando por algum lugar, seja na minha cabeça ou alguma rua, perdido. E sempre que me perco dessa forma estou cercado de medo e eu sei muito bem o que temo. Eu disse que razão era pensar e que ainda me restava um pouco. Tenho medo de que a escrita esteja na parede.
Quero arriscar, mas não por isso. Quero arriscar sem que haja ruins pressentimentos.
Pro caso de eu ser um romântico, posso deixar algumas instruções - primeira: estou incontrolavelmente apaixonado, então é natural que eu sinta um vazio quando o mundo não conspira de uma forma bonita; segunda: em caso de primeira instrução, não se preocupe com minha saúde, somente por uns instantes não serei capaz de respirar adequadamente; e terceira: como eu nunca sei se estou certo, leva um tempinho até que eu tente algumas palavras.
No fim, eu penso de mais, eu poderia simplesmente entrar em acordo duas vezes com as condições climáticas, aceitar a temperatura e a umidade e saber que a previsão pra hoje era essa. Eu sei, mas simplesmente não consigo aproveitar meu sono.

08 julho 2016

Entrega


Estava aqui refletindo sobre minhas loucuras e minhas neuras, acho que sou bem estranho mesmo. Eu vou descendo a tela do celular mas nem presto tanta atenção assim. Estou me contorcendo por dentro por não saber como está agora. É, a vida nos reserva alguns bônus mesmo. Acho que os últimos, pra mim, foram os melhores. Bem, se a felicidade é feita de momentos, então acho que estou sendo feliz. Mas voltando à minha estranheza. Estranho, mas já me sinto como um velho amigo seu, meu fogo, que não é tão quente assim, deve combinar com sua água, que não é tão fria assim. Mas no fim das contas, estranho seria se eu não me apaixonasse por você.  
O que eu quis dizer com "é como se a gente tivesse se unido e nossas existências se tornaram a mesma por aqueles instantes"? Foi isso mesmo. Estou com medo de isso se tornar clichê, mas é pela minha mania de ficar pesquisando coisas, vou tentar parar com isso e viver por mim  mesmo as singelezas da vida, sem ficar me preocupando de mais. É bem verdade que eu não esperava, minha hesitação e o meu balbucio podem ter sido reflexo da minha insegurança, mas a brisa estava tão leve que em algum momento eu devo ter soltado essas impressões. Estou pensando aqui e acho que nunca fui tão livre. 
Cada vez mais eu sinto que estou me entregando por completo, meio que estou disposto a abdicar de mim mesmo. Meio que estou disposto a ir o distante que for caso você me chame. Estou usando a palavra "meio" para que não pense que estou me negando, mas suspeito que possa se ir isso mesmo. Mas eu não me importo, na verdade já faz um tempo que eu concordei comigo mesmo a respeito e viver a singelezas da vida inclui isso.
Parece contraditório falar em entrega e em liberdade na mesma frase, mas nunca uma contradição me pareceu tão verossímil. "Eu sou seu para você fazer o que quiser com isso", talvez essa predição carregue o significado de tudo. Uma amiga diria que é sinônimo de passividade, mas acho que não. Cada um é livre para escolher algumas coisas, a minha escolha foi dar eu mesmo de presente pra você. 

05 julho 2016

Tempo é deus


Eu não poderia esperar que o fim de uma etapa seria tão estranho. Estou aqui e só falta mais uma coisa. Nas próximas semanas é bem provável que irei me sentir um pouco só e devo pensar em algo para contornar um pouco isso. Na verdade, estou assim agora. Estou só adiando uma coisinha mínima em nome dos meus pensamentos. Decidi ficar aqui em casa, péssima ideia. A sensação que tenho é que sou um varrido. Estou com uma vontade louca de fazer uma trilha pra algum lugar impressionantemente belo e alto, que dê pra observar até o infinito, pra onde o horizonte aponta.  
Acho que nunca vivi tanto quanto nos últimos meses. Foram tantas emoções, tantos sentimentos, que eu pensei que não conseguiria mais respirar, como se, em alguns momentos, eu estivesse caindo em queda livre. Quatro meses? Acho que o tempo também pode ter densidade: a razão entre as sensações e os dias que se passaram. Esse tempo foi tão expressivo, que tenho a impressão de que o antes dele foi um vácuo. Era tudo tão monótono, parece que nem existiu, salvo algumas exceções.
É importante ressaltar que aqui retrato diversos sentimentos, e agora estou falando que meu maior desafio para os próximos dias é evitar que o que vier até a próxima etapa se transforme em um extenso domingo. Lembra o que eu disse sobre estar em uma trilha? Bem, queria estar com alguém nessa trilha. Mas só de ser esse alguém, bastaria uma sombra sob uma árvore num lugar onde mais ninguém fosse. Assim o tempo em minha cabeça iria parar, como sempre acontece. Odeio isso no mundo, minhas horas param, mas as do relógio passam. Queria achar a lâmpada do gênio, meu primeiro desejo seria me transportar, o segundo seria que o tempo parasse quando eu estivesse com você e o terceiro eu te daria. 


03 julho 2016

Éden


Isso meio que cheira como flores. Algumas vezes na minha vida, quando eu via uma roseira, eu costumava exaurir meus pulmões de ar para que quando eu inspirasse, todo o perfume daquela rosa passasse pra dentro de mim, como se minha existência dependesse daquele aroma. Eu poderia senti-lo para sempre. Eu gosto do seu cheiro. Eu gosto do seu cheiro. Isso é tão presente, tão intenso, que não consigo controlar. Meu corpo se estremece por inteiro, pois sinto calor e frio ao mesmo tempo. Uma mão gélida percorre meu corpo ao passo em que meus lábios saboreiam o mais doce mel. Meu coração palpita infinitamente e pulsa mais rápido a cada toque. Definitivamente, estou decidido a me entregar como nunca antes. 
Estou na janela de um ônibus em que entra um vento bastante frio e ao mesmo tempo o sol esquenta meu pé calçado de chinelo. Eu não sou capaz de ficar sem contar os dias, as horas os minutos e os segundos só pra poder olhar pra você, como se seu rosto fosse o mais belo quadro já pintado. Mas enquanto esse tempo não passa, me contento em olhar uma foto e com uma troca corriqueira de mensagem. Mas qualquer coisa de você já é pra mim como o maior tesouro que alguém pode ter.
Acho que não consigo pensar em minha vida sem você e se tento imaginar isso, eu tenho  a mesma sensação de estar em um compartimento escuro cheio de cobras sibilando. Isso deve ser um sintoma da saudade instantânea, que bate logo nos cinco primeiros segundos após um tchau. Aí eu fico ali, vagando, feito uma alma penada, mas não sou irresponsável, então direi que uma alma feliz. Mas fato é que acordei hoje bem cedo, como de costume, e agora estou aqui pensando em formas de ter sua companhia, pois o tempo é relativo e pra mim ele está passando bem devagar.
Eu sou adulto, então posso amar. Essa frase me estranha um pouco, pois crianças são jovens de mais para esses sentimentos, mas eu me lembrei que não sou mais criança, minha mãe já me passa cerveja sem questionar e o meu pai me oferece vinho naturalmente. Que eu vou em lugares loucos? É verdade. Eu penso tanta coisa, que no final tenho a impressão de que não pensei em nada. Mas, no fim das contas, meus pensamentos sempre retornam a você. Uma vez eu estava sozinho e comecei a pensar se isso era só por algumas miligramas de um hormônio aleatório ou se temos uma alma que causa isso tudo. Não sei se me satisfaz a ideia de ser algo estritamente biológico, mas me conforta o fato  de os outros animais serem quase que somente instintivos e o fato de nossas vidas terem se cruzado algumas vezes, talvez seja só por que o mundo é pequeno, mas talvez haja algo oculto que somos incapazes de saber, uma trilha já traçada, quem sabe? Mas enquanto nossas luzes não se encontram de novo, vou ficando por aqui observando essa tempo passar, ora pensando em coisas nada a ver, ora pensando em você. 



25 junho 2016

Sangue, ferro e outras coisas


Me senti lançado à superfície de uma lagoa. Bati algumas vezes e finalmente mergulhei. Mergulhei de uma maneira tão intensa que a pressão só foi me jogando pra mais fundo, não sei se consigo voltar. Na verdade, não quero. Quero poder estar mergulhado nesse sentimento infinitamente. Acho engraçado que tudo me faz lembrar, quer dizer, quase qualquer coisa. Eu tava andando por um caminho aí e vi um tronco cortado, ele tinha formato de coração. Sabe, as melhores pedras pra bater na lagoa são aquelas achatadas, que ocupam quase que só um plano. Que bom que não me foi devolvida, quero poder ficar submerso nesse rio indefinidamente . Quero poder me lembrar de você atemporal e incessantemente, não importa quantas vezes forem necessárias, só pra que eu me sinta perto de você.

É fato que minha razão se desconecta e que os meus sentidos não funcionam como antes, mas tudo de você me desconfigura, me faz caminhar à sua frequência. Seu cheiro, seu rosto, sua boca, suas manias, sua voz, tudo, tudo isso se injeta em meu sangue e faz minha cabeça virar de uma maneira tão louca. Eu me sinto uma pessoa boba, como naqueles filmes bobos de amor. Posso até me envergonhar um pouco, mas gosto tanto do que estou sentindo que só vou fingir que não conheço mais ninguém. Não ligo, só isso,  

19 junho 2016

Tempo


No decorrer de nossas histórias, vamos tentando adicionar em nossas essências as coisas mais especiais. Como nunca antes, a minha essência está sendo inexplicavelmente preenchida. Acho que cada lágrima minha é um cristal, os mais escuros eu coloco no fundo da gaveta e os claros e translúcidos, coloco bem a frente, na prateleira. Os abraços de uma abelha e um zangão coloco no meu coração. Estava pensando no presente perfeito e acho que não tenho jeito pra essas coisas, acabei perguntando, pra algumas coisas não tenho tanta criatividade assim... Fiquei um pouco surpreso, mas satisfeito. Cores são realmente incríveis, queria ser um semi deus, assim poderia pegar um arco-íris, colocar em um pote de vidro e te dar, abelha, mas como não sou, já me desculpo, caso eu não consiga pensar em algo tão legal e impressionante a tempo. Estou pensando no seu rosto nesse momento e estou colocando mais cristais claros na minha prateleira. Pensei, zangão, devido às suas preferências, em me dar de presente pra você, mas já acho que fiz isso já há algum tempo, aos poucos, sem perceber, e aí fico cercado de todos os lados, pois acho que essa é a maior coisa com a qual posso presentear alguém, então não sei mais o que fazer. Enfim, aí fico perdido nesse domingo qualquer, que não é tão qualquer assim, pois estou escrevendo pra vocês, ainda continuo achando importante dizer o quanto gosto de voar com vocês por aí, por Terabithia, pelos campos, pelas multidões ou qualquer lugar. Enfim, prometam que jamais dirão tchau pra mim, pois ainda acho que uma vida é tempo suficiente pra conseguir descobrir o presente perfeito.

16 junho 2016

Respiração


Acho que meus pulmões exalam poesia e só estou deixando fluir. Quanto mais eu penso sobre isso, mais inexplicável fica, menos grafável se torna. E ao pensar no calor desse abraço, começo a perceber que não caibo mais dentro de mim e que também não é a primeira vez que me sinto assim. Estou dormindo pois se não meu corpo definha, mas esse tempo vem se encurtando, pois me atraso ao pensar em você e me adianto em pensar em você. Espero que isso soe como um sopro quente em seus ouvidos. Talvez eu seja mesmo complacente, mas não me importo, acho que gosto de tudo em você, então não acho que eu seja muito capaz de discutir isso de maneira racional. Notei que reparo os mais simples detalhes e que fico arrepiado com cada aspecto, mesmo que eu veja infinitas vezes, o contorno de sua mão sempre me será algo novo e encantador. É o que eu chamaria de hipnose fatal. Uma vez ouvi dizer que quanto mais se fala de alguém que gosta, mais intenso o sentimento fica. Acho que tenho ficado viciado em lembrar de você e acho que por isso estou ficando cada vez mais vidrado. Decidi que não preciso esconder meus sentimentos, vou demonstrar tudo o que tem pra ser demonstrado. Acho que essa sensação de talvez reciprocidade me encoraja a expressar. Ultimamente tenho andando meio bipolar, às vezes acho que preciso só da minha cabeça para te desenhar, mas às vezes me sinto completamente aflito por não conseguir falar mais com você, essa segunda situação é a responsável por fazer com que cada orquestra pareça sempre a primeira de todas.
Algumas palavras parecem que irão ecoar eternamente em minha cabeça e, céus, como isso é excêntrico, na verdade me sinto como se eu fosse um estrangeiro em outro mundo. Viver uma sensação nunca antes vivida, o sentimento de entrega total. Talvez eu não seja mesmo um anjo, mas estou quase me convencendo que posso voar, ou ao menos flutuar quando seguro minha respiração - um sonho que tive - é assim que sinto. E foi assim.

14 junho 2016

Ventos Ocidentais


Parece que o frio decidiu avançar e os ventos decidiram prosperar. Ontem aprendi o que era muzak, achei bastante conveniente, pois ontem mesmo pude assistir a uma orquestra de ninfas bem de perto. Pude saber algumas coisas que eu diria que compõem verdadeiramente doces sonhos. Um retrato imaginário do toque de duas almas e um sentimento de eterna união de dois corpos. Acho que pra mim, as coisas são muito intensas, uma simples brisa ressoa meus batimentos cardíacos e eu me deixo levar, como se fosse um pequeno grão de leão. Repetitivo ou não, não me canso de dizer o quanto isso me faz sentir infinito. O tempo que se estende por dimensões. Ali eu estava e ali eu queria estar eternamente, não diria que até o fim dos tempos. Profano ou não, já desacredito nessa teoria de arrebatamento. Definitivamente, algo tão belo não pode queimar, tal como costumam dizer. O fato é que estou cada vez mais perdido, estou cada vez mais enlouquecido. Parece paradoxal falar de insustentável leveza, mas é o que é, e estou experimentando disso agora. Meu coração parece uma pena prestes a se soltar e voar incontrolavelmente para algum lugar. 
É como se eu estivesse em uma bolha de sabão que está subindo, bem alto, quero que essa bolha seja de diamante, suba e não se estoure. Eu estava pensando em como tento me equilibrar nos paralelepípedos dos caminhos que passo, como se fosse uma criança louca, hiperativa. Continuo me equilibrando, ou desequilibrando, mas a normal é quase nula dessa vez. Mal sinto meus pés pressionando o concreto.
Há algumas prazeres na vida que são inexplicáveis, como o de olhar uma rocha com uma lupa, bem de perto, e observar os mínimos detalhes, se impressionar com cada milímetro e conseguir distinguir os minerais que a compõem. No final, o clímax, um suspiro e um arrepio profundo, como eu gosto disso. Pois é, as rochas possuem cores, texturas e até sabores e cada uma é um momento diferente, uma sensação diferente, um pensamento diferente. Gostar assim, é engraçado. Em um certo momento, é como se eu estivesse buscando algo que jamais encontraria, mas já havia encontrado. A clivagem de um cristal, um cheiro.
Cada vez que fecho meus olhos, em minha cabeça vêm os versos mais lindos que percorrem feições encantadoras da forma mais impressionante. Minha boca só consegue proferir suspiros que se interpretados, serão lembrados como a lira das liras.
No fim, decidi que valia a pena. Talvez se eu não ousasse enfrentar essa corda bamba, ficaria pra sempre no outro lado do precipício. A não ser que haja um vendaval, não há por que eu me desequilibrar. Tal leveza me assusta um pouco e o paradoxo da insustentabilidade se encontra aí. É um sentimento tão suave, mas ao mesmo tempo violento, que chegou gritando olá, e eu respondi olá. E isso significou que eu não mais me pertencia, que eu não era mais meu. 

12 junho 2016

Pessoas


Eu nunca imaginaria que viver fosse tão estranho. Eu estou em uma festa e aí não consigo me manter mais de pé. Meu coração bate o suficiente só para que eu não morra de desoxigenação, com muito esforço. Eu estava andando a pé em uma estrada, descalço. À medida que fui andando, meus pés começaram a sangrar, pois não percebi que estava naquela estrada de rosas havia espinhos. Começou a doer tanto, que meu corpo começou a inibir a dor automaticamente, só sentia meus pés pulsando, eu estava completamente apático. Sabia que havia algo errado, mas era como se não houvesse.
Definitivamente, eu sou um imbecil. Estou por horas esperando um beep no meu celular. Não por isso, mas por não entender o porquê de a leveza durar somente por alguns momentos e o peso insistir em ficar. Estou novamente depresso. Acho que essa dor irritante em minha cabeça é completamente psicológica, estou sem nenhuma vontade de fazer alguma coisa. Quero ficar trancado no meu quarto escuro e ficar petrificado, sem sentir nada e depois acordar bem. Não se desculpe, acho que quem deve ser desculpar sou eu, por ser tão burro, por ser tão sensível, por ser tão eu. Outro dia entrei em desespero por não ter alguém para poder conversar, na verdade havia, mas eu precisava de falar sobre algo que eu não sabia o que era. E aí, no outro, foi aquela loucura toda. 

06 junho 2016

Questões


Eu meio que estou me sentindo como um ponto preto num arco-íris. "No jardim da minha avó havia borboletas de todas as cores, azuis, brancas, verdes e rosas, mas de todas, eu amava mais as amarelas, pois elas são as mais belas" (só quis lembrar da minha infância, já que estou falando de cores). Quente. Acho que meu calor está voltando por eu estar tão escuro, Estou tentando conseguir me misturar às cores, tornar-me branco de tão colorido. Mergulhar nessa infinidade de variáveis. Isso às vezes parece estar fora de mão, na verdade, ultimamente tem tudo parecido mais difícil. Acho que eu que tenho estado a dificultar as coisas. Queria voltar a ser aquela criança que fazia coisas erradas que não afetavam o mundo e nem a minha vida de maneira tão negativa. Teve aquela vez que subi em cima do vaso pra tentar pegar o papel na janela. Obviamente, a Terra, muito ciumenta, me puxou pra baixo. Chorei tanto. Ou a vez que desci a escada da minha tia rolando e fiquei parecendo um touro com um chifre em cada lado da testa. Também chorei. Acho que esses choros passados eram sempre por dores inusitadas ou por medos irrisórios, como bicho papão ou homem do saco. Agora parece tudo pior, acho que não vou conseguir colocar gelo no galo da minha razão. Os choros recentes têm sido estranhos. É como se eu imaginasse uma pancada bem forte, e de repente lá está ele, insiste em me enforcar. Mas não sei, acho que me sinto assim por vergonha mesmo. Talvez seja assim a forma de começar me pintar e ser como um quadro de Monet, cheio de cores e refletindo a vida. Van Gogh também são lindos, mas acho que não preciso de mais loucura em meus contextos. Já bastam os que me arranjei. "Você está bem?". Aí eu paro pra pensar, bem, acho que estou. Quer dizer, estou. Aí vem um ponto final e depois vejo o que mais vou falar. 

05 junho 2016

Cachoeira


 Se eu não melhorar, que eu morra.
  Se eu não melhorar, que eu morra.
   Se eu não melhorar, que eu morra.
    Se eu não melhorar, que eu morra.
     Se eu não melhorar, que eu morra.
      Se eu não melhorar, que eu morra.    
       Se eu não melhorar, que eu morra.
        Se eu não melhorar, que eu morra.
         Se eu não melhorar, que eu morra.
          Se eu não melhorar, que eu morra.
           Se eu não melhorar, que eu morra.
            Se eu não melhorar, que eu morra.
             Se eu não melhorar, que eu morra.
              Se eu não melhorar, que eu morra.
               Se eu não melhorar, que eu morra.
                Se eu não melhorar, que eu morra.
                 Se eu não melhorar, que eu morra.    
                  Se eu não melhorar, que eu morra.
                   Se eu não melhorar, que eu morra.
                    Se eu não melhorar, que eu morra.
                     Se eu não melhorar, que eu morra.
                      Se eu não melhorar, que eu morra.
seeunãomelhorar
           
             

29 maio 2016

Foto


Às vezes eu me pego desenhando algumas imagens na minha cabeça. Estou em um quarto com mais duas criança. Sim, mais duas, pois acho que estou me incluindo. Isso é um absurdo. Às vezes sou como uma criança, vai ver eu seja uma mesmo. Minha cabeça faz loops infinitos diversas vezes, como se eu estivesse em uma rampa de skate e voasse indeterminadamente para o universo, como se a gravidade acabasse. Já notei que isso acontece várias vezes, concluí que os loops são infinitos em número, mas não em duração. Minha cabeça tenta elaborar soluções para situações que parecem ser insolucionáveis. Já não sei o que eu acho de algumas coisas, se estou satisfeito ou não. Mas já estou de acordo em concordar que a vida não tem sido tão justa assim. Fui questionado dá artificialidade dos meus sentimentos, isso me fez pensar de uma forma bastante melancólica, mas todo esse peso serviu pra eu me assegurar que não tinha como isso estar somente sobre a superfície.
Era uma vez um rio, onde não havia nenhuma ponte, mas somente gritos. Gritos que se ouviam, mas não se escutavam. Isso é a maior prova de que a vida é realmente uma vadia, como eu escutei ontem em Good Days Bad Days, Rebecca Ferguson. Estou com sapatos desde hoje de manhã até agora a tarde. Não teria como meus pés parecerem congelados, mas assim eles estão. Estou decidindo se vale a pena ou não negar tudo por uma coisa aí que tenho pensado. Sou um ridículo por falar como se eu tivesse algum poder de decisão. Só não quero ter que chorar eternamente naquela praia de novo. Meu choro é bastante doloroso, pois é calado e me sufoca. Ocorre no silêncio de uma madrugada qualquer, num quarto escuro qualquer, mas sob o mesmo frio que ultimamente tenho sentido de maneira recorrente.
Estou em um carro, no assento do motorista, com a chave já girada e o pé sobre o acelerador, mas não consigo pisar, pois vejo uma imagem no retrovisor, a mesma que ando desenhando todos os dias em minha cabeça. Espero que me entenda.

18 maio 2016

Black e Blues ♫



Quando eu tinha uns doze anos eu escutava Fallin' da Alicia. Nunca soube o que era blue, na verdade sabia que era azul, mas não o sentido na música. Aí, alguns anos depois, comecei a estudar inglês e perguntei para a professora o que era blue e ela me respondeu. I keep on fallin' in and out of love with you. Eu era tão ingênuo que jamais poderia imaginar o verdadeiro sentido da palavra. Mentira. Eu sabia sim, perguntei por perguntar. Bem, eu sabia o sentido, mas não sabia como era na prática. Sometimes I love ya, sometimes you make me blue.A vida foi continuando e eu fui melhorando o inglês. Na verdade, fui ficar bom mesmo só dois anos depois. 

Meu gosto musical sempre foi assim, bastante reverso. Gostava de Jennifers (Hudson e Holliday). E gostava de cantar. Gostava de viver a música, sentir o que ela estava falando. Mesmo que Believe e And I Am Telling You I'm Not Going não fossem minha história, eu fingia que eram. Então, Sometimes I feel good, mas não a at times I feel used. Quanto rodeio! Mas está tudo explicado. Mas o que sempre foi verdade é que Loving you darling, makes me so confused.

I-I-I keep on fallin' in and out of love with you, I-I-I never loved someone the way that I love you.♫

Cresci mais um pouco e fui descobrindo as coisas como elas realmente eram. Comecei a passar por fases na minha vida que eram bastante de intensas, de amor, ódio, amizade, liderança, objetivos. Mas de fato, o que se tornou mais intenso mesmo, foram a amizade e amor. Oh, oh, I never felt this way! How do you give so much pleasure and cause me so much pain? Comecei a ter um apreço maior pelas pessoas e comecei a perceber o verdadeiro valor de uma boa amizade. Daí, as pessoas mais próximas a mim, meus amigos, tornaram-se como meus tesouros. E como um bom tesouro, a gente nunca quer perder. 

Just when I think I've taken more than would a fool, I-I start fallin' back in love with you! ♫♫♫
I-I-I keep on fallin' in and out of love with you, I-I-I never loved someone the way that I love you.♫

Finalmente cheguei até hoje. E agora sei o que realmente é estar blue, não é como se estivesse triste, mas muito confuso e aflito. Blue, blue é um sentimento de não saber o que realmente sente e isso é angustiante. Como uma aura invisível que me cerca. Sei que está lá, mas não sei o que é. Isso são sensações inexplicáveis. Sensações que parecem que foram colocadas por mim mesmo. Confusão. 

Já estou me curando. Não estou menos blue, e isso é bom. Na verdade é ótimo. E pensar que toda essa confusão só começou pois comecei a conversar sobre fall in love. Uma curiosidade que se entrelaçou com uma incerteza e aí bang!!!, estava tudo armado. Mas já estou me libertando.
Oh baby I-I-I-I'm fallin' I-I-I-I'm fallin'♫

CHORUS

Enfim, já estou bem.

What? 

15 maio 2016

Quero ser capaz de explicar





Um eu tão confuso quanto o meu, quero ser capaz de explicar. Isso tudo está uma loucura, isso tudo parece que eu causei. Não sei. Tem um sentimento bem confuso no ar, quero, do fundo da minha razão, saber o que estou sentindo. Não sei o que eu quero. Tem um amor, tem uma vontade de dizer o que sinto, tem uma vontade abraçar, tem uma vontade de tocar, tem uma vontade de ficar só observando, uma vontade de conversar, de ficar perto. Sou um tolo por ter deixado chegar a esse ponto. Não foi minha intenção. Não. Minha intenção nunca foi sofrer ou causar sofrimento. Na verdade, eu nunca tive nenhuma intenção. Fui vivendo alguns sentimentos, que deixei terem um tamanho maior do que eu ou alguém pudesse suportar. Fui vivendo da forma que sempre costumo. Deixando as coisas se intensificaram de uma tal maneira que torna-se pesado. Espero que cada palavra dessas me alivie um pouco.

Tenho a seguinte teoria: devo sofrer o suficiente pra morrer, e depois renasço, somente com as cicatrizes, já curadas. Somente marcas, que não causem nenhuma dor. Ainda estou no processo de definhamento. Espero que passe logo. Quero voltar a viver sem que haja esse turbilhão na minha cabeça. Quero poder caminhar sem pensar em mil coisas, quero poder conversar sem precisar tremer, como ser estivesse sentindo um frio extremo. Esse frio não é provocado pelo decréscimo de temperatura, é como se alguém segurasse a minha razão com mãos geladas, ela torna-se incontrolável, eu me torno incontrolável. Faço coisas que não deveria fazer. Deixo alguns feixes escaparem do meu baú, coisa que não deveria acontecer. Coisas que eu simplesmente não queria que alguém pudesse saber.

Desculpe, pois fui estritamente poético, imaturamente emocional e incontrolavelmente irracional. Fui como um animal, um cão, que não consegue se controlar ao ver quem gosta. Não me expressei com afobamentos, latidos e uma forte respiração, mas por meio de palavras, lidas e cantadas. Palavras que meus dedos escreveram, ordenadas pela minha emoção. Palavras que se tornaram tão intensas que ficaram visíveis. Visíveis não pra mim, mas para alguém. Se eu soubesse, teria apagado antes que alguém pudesse ver. Imagine um balão, um balão que, com cada suspiro meu, era cada vez mais cheio, no começo ele era bem pequeno, imperceptível. Eu estava de olhos fechados, então não notei que eu mesmo o estava enchendo, até que alguém me tocou  e perguntou o que era esse balão, foi quando percebi. Mas já era tarde, alguém já tinha visto. Que frio. Está chovendo.

Só tenho vontade de gritar, gritar até que minha garganta se rasgue, para que eu não possa cantar mais. Mas não consigo, ficar calado dói. Tento cantar sobre o arco-íris, sobre o calor ou sobre a leveza. Mas só consigo cantar sobre a escuridão, o frio e o peso. E isso torna-se cada vez mais intenso. Quero me submergir diante disso. Tentei voltar os ponteiros do relógio, às vezes o tempo volta, às vezes consigo rebobiná-lo e reescrevê-lo. Não deu. O frio está voltando de novo, minhas mãos voltam a tremer e meus pés se congelam novamente. Não quero falar mais.





12 maio 2016

Páginas do meu diário...

Estritamente poético.
Alguém que eu gosto tanto andou lendo meu diário...
Descobriu coisas que deveriam ser deixadas em segredo.
Descobriu traços que compõem a minha história.
Estou sentido um frio tão profundo e fazem dezenove graus. Não sei como reagir. Algo aconteceu e eu não sei como proceder.
Descobriu coisas bastante peculiares ao meu respeito, pois estava escrito lá, no meu diário. Pensei que fosse um diário escondido, mas alguém conseguiu ler de forma tão serena que senti-me vulnerável.
Palavras circulantes pelo zéfiro entre nós, decisões ante tomadas, deveriam ser após.
Fui orientado a deixar os pratos limpos, mas sei que após isso a cozinha não é a mesma. Vai entender... Somente eu sei, e alguém que andou lendo meu diário pode saber.
Meu diário estava bem guardado, dentro do armário a esquerda, entre os livros um e dois, prateleira inferior. A chave encontra-se guardada na minha gaveta do meio, do meio da minha razão (cansei de usar coração nas minhas coisas, embora seja a palavra que eu mais deseje usar...)