.:Matheus com H│Blog: setembro 2016

09 setembro 2016

De repente

Quando a própria existência começa a pesar mais que o aquilo que as pernas conseguem carregar fica bastante complicado de andar. É difícil poder controlar algumas loucuras que se tem impulso de fazer, a sensibilidade fica tão alta, que qualquer coisa toma proporções semelhantes a um diamente riscando talco. Talvez doa.
E se de repente eu virasse só pó ou um pedaço de nada? A sensação de ver aquela pessoa que tanto amo pela última vez fica dando as caras às vezes. Fico pensando no medo que tenho de me tornar um nada eternamente sozinho. A realidade é ruim. Mas eu realmente queria te ver mais essa vez, sendo ela a última ou não, mesmo que isso significasse uma despedida não tão adequada à minha vontade e que depois eu ficasse mal de não ter olhado para o seu rosto o tanto que quisesse olhar, eu fiquei.
Alguns momentos fico com bastante medo de certas decisões que eu talvez possa tomar, mas o fato é que algumas vez acho que meu balão está denso de mais, não consegue subir. Meu medo é de acabar preferindo estourá-lo. Mas aí fico pensando em como um certo hálito é capaz de mantê-lo no alto.
Agora parece que minha mãos são apenas imagens, pois é como se eu tentasse segurar minhas lágrimas com elas, mas não adianta, elas passam direito atravessando tudo.
Pular é muito fácil, mas acontece que a gente nunca tem certeza. Uma possibilidade que ronda minha cabeça é de eu me tornar sublime antes de tocar o chão.

04 setembro 2016

Poucos milímetros


Fico pensando em com que fita métrica eu meço o que eu sinto por você. Em centímetros, eu demoraria muito pra chegar no algarismo duvidoso. Talvez nunca chegasse.
Só umas gotas poucas caindo e crepitando no telhado como uma fria brasa de água. Elas me fazem lembrar suas mãos gélidas que percorrem meu corpo e esquetam sem queimar e ardem sem doer. Isso deixaria qualquer termômetro bufar de raiva. É uma indecisão tão pouco vulgar, cheia de curvas, um labirinto. Só eu tenho o poder de percorrê-lo, e você. Eu domino o mapa e o compartilho com você. Mesmo se eu não soubesse o caminho, eu entraria complemente nu, completamente cego, completamente surdo pra encontrar você.
Se eu pensar mais sobre isso, vou ficando pouco a pouco sem chão, pois começo a só observar as palavras saindo dos meus dedos. O único som em que presto a atenção é o canto dos pipirrans, pois é o que para sempre me fará lembrar de você, para sempre, até que eu morra guardarei isso comigo. A ideia do eterno retorno, de fato, pode parecer assustadora, mas o êxtase de um segundo se repetindo eternamente com você é inimaginável. É como se o calor, rompido dos seus pulmões, incidindo sobre os meus ouvidos, fosse o toque de algodão em minh'alma.
Fico feliz de poder lembrar do seu sorriso de coríndon antes de fechar meus olhos.
A chuva chegou
De verdade agora
Me dê sua mão
E não sobrecarregue seus cotovelos quando estiver deitado sobre mim. O peso do seu corpo é, no mundo, o que mais se opõe ao caráter posito da leveza.