.:Matheus com H│Blog: Quero ser capaz de explicar

15 maio 2016

Quero ser capaz de explicar





Um eu tão confuso quanto o meu, quero ser capaz de explicar. Isso tudo está uma loucura, isso tudo parece que eu causei. Não sei. Tem um sentimento bem confuso no ar, quero, do fundo da minha razão, saber o que estou sentindo. Não sei o que eu quero. Tem um amor, tem uma vontade de dizer o que sinto, tem uma vontade abraçar, tem uma vontade de tocar, tem uma vontade de ficar só observando, uma vontade de conversar, de ficar perto. Sou um tolo por ter deixado chegar a esse ponto. Não foi minha intenção. Não. Minha intenção nunca foi sofrer ou causar sofrimento. Na verdade, eu nunca tive nenhuma intenção. Fui vivendo alguns sentimentos, que deixei terem um tamanho maior do que eu ou alguém pudesse suportar. Fui vivendo da forma que sempre costumo. Deixando as coisas se intensificaram de uma tal maneira que torna-se pesado. Espero que cada palavra dessas me alivie um pouco.

Tenho a seguinte teoria: devo sofrer o suficiente pra morrer, e depois renasço, somente com as cicatrizes, já curadas. Somente marcas, que não causem nenhuma dor. Ainda estou no processo de definhamento. Espero que passe logo. Quero voltar a viver sem que haja esse turbilhão na minha cabeça. Quero poder caminhar sem pensar em mil coisas, quero poder conversar sem precisar tremer, como ser estivesse sentindo um frio extremo. Esse frio não é provocado pelo decréscimo de temperatura, é como se alguém segurasse a minha razão com mãos geladas, ela torna-se incontrolável, eu me torno incontrolável. Faço coisas que não deveria fazer. Deixo alguns feixes escaparem do meu baú, coisa que não deveria acontecer. Coisas que eu simplesmente não queria que alguém pudesse saber.

Desculpe, pois fui estritamente poético, imaturamente emocional e incontrolavelmente irracional. Fui como um animal, um cão, que não consegue se controlar ao ver quem gosta. Não me expressei com afobamentos, latidos e uma forte respiração, mas por meio de palavras, lidas e cantadas. Palavras que meus dedos escreveram, ordenadas pela minha emoção. Palavras que se tornaram tão intensas que ficaram visíveis. Visíveis não pra mim, mas para alguém. Se eu soubesse, teria apagado antes que alguém pudesse ver. Imagine um balão, um balão que, com cada suspiro meu, era cada vez mais cheio, no começo ele era bem pequeno, imperceptível. Eu estava de olhos fechados, então não notei que eu mesmo o estava enchendo, até que alguém me tocou  e perguntou o que era esse balão, foi quando percebi. Mas já era tarde, alguém já tinha visto. Que frio. Está chovendo.

Só tenho vontade de gritar, gritar até que minha garganta se rasgue, para que eu não possa cantar mais. Mas não consigo, ficar calado dói. Tento cantar sobre o arco-íris, sobre o calor ou sobre a leveza. Mas só consigo cantar sobre a escuridão, o frio e o peso. E isso torna-se cada vez mais intenso. Quero me submergir diante disso. Tentei voltar os ponteiros do relógio, às vezes o tempo volta, às vezes consigo rebobiná-lo e reescrevê-lo. Não deu. O frio está voltando de novo, minhas mãos voltam a tremer e meus pés se congelam novamente. Não quero falar mais.





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