.:Matheus com H│Blog: Poucos milímetros

04 setembro 2016

Poucos milímetros


Fico pensando em com que fita métrica eu meço o que eu sinto por você. Em centímetros, eu demoraria muito pra chegar no algarismo duvidoso. Talvez nunca chegasse.
Só umas gotas poucas caindo e crepitando no telhado como uma fria brasa de água. Elas me fazem lembrar suas mãos gélidas que percorrem meu corpo e esquetam sem queimar e ardem sem doer. Isso deixaria qualquer termômetro bufar de raiva. É uma indecisão tão pouco vulgar, cheia de curvas, um labirinto. Só eu tenho o poder de percorrê-lo, e você. Eu domino o mapa e o compartilho com você. Mesmo se eu não soubesse o caminho, eu entraria complemente nu, completamente cego, completamente surdo pra encontrar você.
Se eu pensar mais sobre isso, vou ficando pouco a pouco sem chão, pois começo a só observar as palavras saindo dos meus dedos. O único som em que presto a atenção é o canto dos pipirrans, pois é o que para sempre me fará lembrar de você, para sempre, até que eu morra guardarei isso comigo. A ideia do eterno retorno, de fato, pode parecer assustadora, mas o êxtase de um segundo se repetindo eternamente com você é inimaginável. É como se o calor, rompido dos seus pulmões, incidindo sobre os meus ouvidos, fosse o toque de algodão em minh'alma.
Fico feliz de poder lembrar do seu sorriso de coríndon antes de fechar meus olhos.
A chuva chegou
De verdade agora
Me dê sua mão
E não sobrecarregue seus cotovelos quando estiver deitado sobre mim. O peso do seu corpo é, no mundo, o que mais se opõe ao caráter posito da leveza.

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